Inês Gomes, OKEANOS
No passado dia 25 de setembro teve lugar na Sociedade Amor da Pátria, na Horta, ilha do Faial, o evento internacional sobre "Gestão Baseada em Ecossistemas e Resiliência dos Sistemas Socio-ecológicos Costeiros: O Papel da Megafauna Marinha".
Este evento, integrado na reunião anual do projeto europeu MISSION ATLANTIC e organizado pelo IMAR/OKEANOS da Universidade dos Açores, pretendeu realçar e discutir os problemas de gestão e conservação de megafauna marinha no Atlântico. Estas espécies icónicas dos oceanos (baleias, golfinhos, tubarões, atuns, tartarugas, aves) estão seriamente ameaçadas pelas atividades humanas, pela degradação do seu habitat e pelas alterações climáticas. Por isso, o desenvolvimento de abordagens inovadoras e integradas no apoio científico à decisão é agora mais necessário do que nunca.
As discussões abordaram os desafios de gestão partilhada da megafauna marinha às escalas local (Açores), regional (Macaronésia) e transatlântica (Norte-Sul), as prioridades de investigação e as oportunidades de colaboração internacional. Estas discussões pretendem apoiar políticas estratégicas sob a All-Atlantic Ocean Research and Innovation Alliance (AAORIA), um esforço de diplomacia científica que envolve países de ambos os lados do Oceano Atlântico.
Participaram 10 oradores regionais (Direção Regional das Políticas Marinhas, Associação dos Operadores Marítimo Turísticas dos Açores, IMAR/Okeanos - Instituto de Investigação em Ciências do Mar, CCMAR Centro de Ciências do Mar, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Federação Regional das Pescas), 5 oradores de outras regiões da Macaronésia (ONG Biosfera de Cabo Verde, Direção Regional do Mar da Madeira, MARE Madeira, Federação Regional de Confraria de Pescadores das Canárias, Universidade de La Laguna), e 7 oradores internacionais (Universidade de Santa Cruz, Califórnia, Universidade Técnica da Dinamarca, ICES, NOOA, Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas do Brasil, Direção Geral da Investigação e Inovação da Comissão Europeia).
Aqui estão algumas das principais mensagens transmitidas durante o evento:
- A necessidade de preencher lacunas de conhecimento sobre a ecologia da megafauna marinha. Para espécies altamente migratórias, a elevada variabilidade espácio-temporal afeta diretamente a eficácia das Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) fixas. Uma abordagem e gestão dinâmica tem demonstrado grande eficácia na conservação dessas espécies;
- A influência e integração do conhecimento científico local nas práticas de gestão sustentável. A ciência e o conhecimento adquiridos pelos usuários do mar dos Açores são fundamentais para informar a Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030, que visa proteger 30% dos oceanos e apoia o processo de design das AMPs;
- A transparência dos legisladores é essencial; os resultados das Áreas Marinhas Protegidas, tanto em termos de biodiversidade quanto de impacto socioeconómico, devem ser divulgados ao público para garantir confiança e conformidade;
- A criação de um grupo com uma "Missão Macaronésia" é essencial, estabelecendo uma estratégia de investigação comum que identifique problemas partilhados e defina prioridades numa escala adequada.
A agenda do evento pode ser consultada aqui e pode assistir na integra ao Webinário aqui.
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